quarta-feira, 3 de julho de 2013

O QUE FAZER EM 10 MINUTOS

Segundo o biólogo John Medina, esse é o tempo de que dispomos para conquistar o interesse de uma plateia. E ele ensina como aproveitá-lo realmente bem.

O que não falta por aí são “verdades” sobre o cérebro humano. Entre outras coisas, dizem, por exemplo, que usamos apenas 10% de seu potencial e que existem personalidades regidas pelo hemisfério direito e outras, pelo esquerdo.
Cansado de ouvir algumas dessas “verdades”, o biólogo molecular John Medina decidiu escrever o livro - Aumente o Poder de seu cérebro: 12 Regras para uma Vida Saudável, Ativa e Produtiva (ed. Sextante). Entre seus objetivos estava o de esclarecer o que se sabe e o que não se sabe sobre o cérebro.
Segundo Medina, pesquisador do funcionamento do cérebro há quase três décadas, ainda ignoramos muito sobre esse órgão. As condições que propiciam seu bom funcionamento são conhecidas, mas pouco se sabe sobre os detalhes da operação.
No livro, ele aponta alguns princípios aplicáveis ao mundo dos negócios, e destacamos a seguir os relativos à dinâmica das reuniões, que pode ser turbinada com alguns conselhos.

CONTRA O TÉDIO, PAUSA E HUMOR

A experiência cotidiana mostra que, durante uma reunião de trabalho, as pessoas tendem a ficar entediadas e a não prestar atenção ao que está sendo tratado. Por isso, bons resultados requerem três pontos-chave:

  1. O cérebro humano primeiro processa a informação mais importante, depois os detalhes. Ou seja, se o orador começar pelos detalhes, a plateia ficará dispersiva.
  2. No primeiro minuto da apresentação, os ouvintes já começam a se perguntar se continuarão prestando atenção. Como presenciamos no dia a dia, 90% das pessoas se aborrecem nas reuniões por falta de motivação e normalmente rejeitam o expositor, em especial se este usar PowerPoint. Como conquistar e manter a atenção? Aproveite os primeiros minutos para enfatizar o mais relevante, sem entrar em detalhes, e, aos 9 minutos e 59 segundos, faça uma pausa; nos próximos 10 minutos, outra. Haverá tempo de retornar aos temas centrais.
  3. O cérebro, em qualquer situação, automaticamente levanta várias interrogações, ligadas à possibilidade de uma ameaça e à necessidade de se defender, mas também elabora algumas questões relacionadas com os centros de prazer – os mesmos que usamos para rir. Portanto, segundo Medina, se você for capaz de contar uma boa piada ou ao menos uma história interessante, ativará as áreas do cérebro dos ouvintes que respondem bem ao humor e, assim, manterá a audiência atenta.

 CONTRA DISTRAÇÕES, PAUSA E RAPIDEZ

Deve-se proibir o uso de telefones e laptops durante uma reunião? Quem decide é o orador, mas vale a pena insistir em que nossa capacidade de prestar atenção não é contínua e tem limites. Mesmo quando fica focada no expositor, a maioria dos ouvintes, ao fazer anotações, não consegue entender o que está sendo dito: a estratégia adotada é anotar e depois voltar a ouvir. Agora, se a apresentação é entediante, a distração toma conta de todos. Na maior parte das vezes, como explica Medina, tudo depende de quem fala: se for convincente, claro, emotivo e deixar a plateia tomar fôlego a cada 10 minutos, todos desligarão o telefone e o computador para prestar atenção.
Um truque eficiente? Falar com rapidez suficiente para que o ouvinte pense: “Preciso prestar mais atenção ou vou perder o que está sendo dito”. Obviamente, a velocidade não pode chegar ao ponto de a mensagem ser ininteligível.



Publicado na Revista HSM Management nº 98 – Maio-Junho 2013