QUALIDADE, UM ASSUNTO ULTRAPASSADO.
Por
Ivan Postigo
De
tempos em tempos, há assuntos que vêm à tona e se tornam moda, já perceberam? Não
porque tenham mais ou menos importância, mas um artigo, um livro, um curso
passou a chamar a atenção.
Citando
apenas alguns, tivemos períodos de grande divulgação da reengenharia, PPCP (planejamento,
programação e controle de produção), controle de custos, formação de preços, ISO,
e, com grande alarde, qualidade com seus controles e círculos.
Passado
esses ciclos as empresas deixam de praticá-los?
Não,
evidentemente que não. De forma nenhuma. O que ocorre é que o mercado prepara
profissionais, com treinamentos e experiências práticas, quer em suas empresas
ou em empresas especializadas, e a questão que era teórica se torna concreta e bastante
óbvia.
As
organizações com vocação maior para os avanços da gestão rapidamente aprendem e
se adaptam à nova realidade. Vêm depois as empresas que aguardam a consolidação
do assunto, e por último aquelas que demoram a perceber e aceitar a importância
prática da abordagem.
Alguns
temas retornam tempos depois com outra roupagem. Dessa forma, poderíamos
questionar qual a vantagem de nos envolvermos novamente com eles?
Acredito
ser fundamental colocarmos a organização sempre num processo de reflexão, o que
é bem diferente de efetuarmos a revisão de uma técnica implantada.
Poderíamos
considerar, então, que uma técnica se desgasta?
Vamos
encontrar opiniões que dirão sim, outras que dirão não.
Prefiro
considerar que esta se torna óbvia. Com isso, muitos debates praticamente são
desnecessários. Primordial, quando aceitas e bem entendidas, é sua
implementação. As empresas implantam as técnicas sob supervisão de
especialistas, depois as moldam à suas culturas.
Esse
conceito fica bem claro, quando falamos de custos, embora sirva para qualquer
técnica, no livro extremamente interessante escrito por Thomaz H. Johnson, sob
o título Relevance Lost: The Rise and Fall of management Accountig. A abordagem é sobre o ganho e perda de
relevância dos modelos de gestão na área de custos.
As
últimas informações que tive dão conta que já foi traduzido para o português,
uma busca pelo nome do autor pode confirmar.
O
conceito de que excelência em qualidade é fundamental correu o mundo e fez de
um pequeno país, estabelecido num arquipélago, uma potência. O que há para
debater?
A
questão é uma só: implante-se.
O
próximo assunto que vai se tornar uma grande onda é o da criação e da inovação. Para isso temos que ter nossas empresas com
seus PCP, sistemas de custos, conceitos de formação de preços, sistema de
qualidade consolidados, caso contrário como entrar na nova onda?
Encontro
ainda empresas falando em controle de qualidade, quando este já ultrapassou o
processo de produção, tornando-se um conceito, uma cultura, influenciando o
conceito de produtividade.
Produtividade
está diretamente relacionada com o fazer certo, da forma correta (eficácia) e
fazer bem feito, atendendo o processo definido (eficiência). Algumas culturas a
classificam como fazer bem feito na primeira vez. Com o tempo, alguns sistemas vão
se consolidando e tornam-se indiscutíveis. Não atendê-los demonstra total
incoerência.
Com
qualidade é a mesma coisa. No mínimo nós temos que atender a percepção dos
nossos clientes, afrontá-la seria uma irresponsabilidade. Nossos produtos têm
que atender suas exigências, no primeiro contato, caso contrário não dá para
falar em qualidade.
Qualidade,
hoje em dia, demanda praticidade, implementação, ação, não mais discussões. Esse
assunto, como objeto de debates, está ultrapassado.
Podemos
aceitar ou não esse posicionamento, mas certamente os consumidores nos cobrarão
caro a qualidade não percebida nos nossos produtos.
Esse
assunto está fora de questão para você ou não?
Ivan Postigo é Diretor
de Gestão Empresarial da Postigo Consultoria Comunicação e Gestão
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