quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

A CULPA É SEMPRE DOS OUTROS?


Por Fernando Belatto

Responsabilizar-se pelos próprios atos ajuda a se conhecer melhor.

“É sempre mais fácil achar que a culpa é do outro”, já dizia Raul Seixas na sua música “Por quem os sinos dobram”. E, de fato, não podemos negar que realmente é muito fácil colocarmos a culpa em alguém ou em alguma coisa pelas situações (principalmente as desagradáveis) que acontecem em nossas vidas.
Colocar a responsabilidade em alguma coisa externa, que está fora, nos traz um alívio momentâneo. Mas será que este alívio nos traz crescimento? E você acha que vale mais a pena um alívio momentâneo ou de fato progredir no caminho evolutivo de consciência?
A autoresponsabilidade, por mais desafiante que seja, tem a força de nos trazer a semente do desenvolvimento. Afinal, é praticamente impossível alcançarmos a evolução sem nos responsabilizarmos pelos nossos atos. É preciso aceitar e se responsabilizar pelos desafios do nível presente onde nos encontramos.

ENCARE AS SITUAÇÕES COMO UM JOGO

Para facilitar, vamos imaginar um jogo no qual precisamos andar de casa em casa até chegarmos ao final (o qual é representado pela própria energia do amor e da harmonia constantes em nossas vidas). Nesse jogo, cada casa representa um nível de consciência e a regra diz que a única forma de sairmos de uma casa e progredirmos para a próxima é absorvendo o aprendizado da casa que nos encontramos, integrando a consciência deste nível. Assim, caminharemos de passo em passo até a meta final, ou seja, a libertação!
Por exemplo, podemos imaginar que o momento da vida que estamos passando nos exige aceitação. Isso significa que enquanto não desenvolvermos essa aceitação, iremos continuar “sofrendo” no duro aprendizado. A partir do momento em que aceitarmos, conseguiremos então dar um passo a frente no jogo e em nossa jornada evolutiva.
Visualizando esse jogo e fazendo uma relação com a nossa vida, podemos entender que as situações acontecem para nos mostrar em que casa/nível de consciência estamos. Se formos mais a fundo um pouco, poderemos perceber que algumas situações só se repetem em nossas vidas quando ainda não aprendemos de fato o que elas têm para nos ensinar. Quando esse aprendizado é assimilado, que maravilha! Avançamos uma casa e podemos então progredir um nível a mais na jornada do amor ou da harmonia.
A autoresponsabilidade é uma chave poderosa para andarmos um passo neste jogo, pois ela traz consigo a verdade. Só quando assumimos onde estamos e passamos o que devemos passar é que a integração pode acontecer. Enquanto nossos medos, vergonhas e culpas nos afastarem daquilo que a vida tem para ensinar, será muito difícil progredirmos no caminho do amor.

AUTORESPONSABILIDADE GERA TRANSFORMAÇÃO

Sem essa chave mestra é impossível progredirmos, pois existirá sempre uma distração, uma propensão a culpar algo ou alguém que está fora. A autoresponsabilidade permite que a gente fique focado, traz consigo a semente da maturidade. E só assim conseguimos olhar para o nosso próprio umbigo e encarar a “sombra” de forma íntegra, assumindo as nossas imperfeições.
Cada dificuldade traz em si a semente do desenvolvimento e cabe a nós achar essa semente. Para começarmos essa busca é necessária a autoresponsabilidade, pois dela brotará a vontade de mudança. Tendo a vontade desperta, uma gama de virtudes começa a vir à tona: paciência, determinação, equilíbrio, fé, justiça, entre outras.
A autoresponsabilidade lhe traz a real possibilidade de transformação, pois você aceita o que bate na sua porta. E é olhando de frente para as situações que conseguiremos mudar os velhos padrões por novos, virtuosos e bons hábitos.
Bendita seja a virtude da autoresponsabilidade. Que ela possa despertar em cada um de nós.

Fernando Belatto é professor de artes marciais e criador do método “O Despertar do Guerreiro Interno”, que ajuda as pessoas a se conectar com o coração, por meio do desenvolvimento de suas virtudes.

Publicado no Newsletter Personare em 09/01/2013.

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