Segundo o biólogo John
Medina, esse é o tempo de que dispomos para conquistar o interesse de uma
plateia. E ele ensina como aproveitá-lo realmente bem.
O que não falta por aí são “verdades” sobre o cérebro
humano. Entre outras coisas, dizem, por exemplo, que usamos apenas 10% de seu
potencial e que existem personalidades regidas pelo hemisfério direito e
outras, pelo esquerdo.
Cansado de ouvir algumas dessas “verdades”, o biólogo
molecular John Medina decidiu escrever o livro - Aumente o Poder de seu cérebro:
12 Regras para uma Vida Saudável, Ativa e Produtiva (ed. Sextante). Entre seus
objetivos estava o de esclarecer o que se sabe e o que não se sabe sobre o
cérebro.
Segundo Medina, pesquisador do funcionamento do cérebro
há quase três décadas, ainda ignoramos muito sobre esse órgão. As condições que
propiciam seu bom funcionamento são conhecidas, mas pouco se sabe sobre os
detalhes da operação.
No livro, ele aponta alguns princípios aplicáveis ao
mundo dos negócios, e destacamos a seguir os relativos à dinâmica das reuniões,
que pode ser turbinada com alguns conselhos.
CONTRA O TÉDIO, PAUSA E
HUMOR
A experiência cotidiana mostra que, durante uma reunião
de trabalho, as pessoas tendem a ficar entediadas e a não prestar atenção ao
que está sendo tratado. Por isso, bons resultados requerem três pontos-chave:
- O cérebro humano primeiro
processa a informação mais importante, depois os detalhes. Ou seja, se o
orador começar pelos detalhes, a plateia ficará dispersiva.
- No primeiro minuto da
apresentação, os ouvintes já começam a se perguntar se continuarão
prestando atenção. Como presenciamos no dia a dia, 90% das pessoas se
aborrecem nas reuniões por falta de motivação e normalmente rejeitam o
expositor, em especial se este usar PowerPoint. Como conquistar e manter a
atenção? Aproveite os primeiros minutos para enfatizar o mais relevante,
sem entrar em detalhes, e, aos 9 minutos e 59 segundos, faça uma pausa;
nos próximos 10 minutos, outra. Haverá tempo de retornar aos temas
centrais.
- O cérebro, em qualquer situação,
automaticamente levanta várias interrogações, ligadas à possibilidade de
uma ameaça e à necessidade de se defender, mas também elabora algumas
questões relacionadas com os centros de prazer – os mesmos que usamos para
rir. Portanto, segundo Medina, se você for capaz de contar uma boa piada
ou ao menos uma história interessante, ativará as áreas do cérebro dos
ouvintes que respondem bem ao humor e, assim, manterá a audiência atenta.
CONTRA DISTRAÇÕES, PAUSA
E RAPIDEZ
Deve-se proibir o uso de telefones e laptops durante uma
reunião? Quem decide é o orador, mas vale a pena insistir em que nossa
capacidade de prestar atenção não é contínua e tem limites. Mesmo quando fica
focada no expositor, a maioria dos ouvintes, ao fazer anotações, não consegue
entender o que está sendo dito: a estratégia adotada é anotar e depois voltar a
ouvir. Agora, se a apresentação é entediante, a distração toma conta de todos.
Na maior parte das vezes, como explica Medina, tudo depende de quem fala: se
for convincente, claro, emotivo e deixar a plateia tomar fôlego a cada 10
minutos, todos desligarão o telefone e o computador para prestar atenção.
Um truque eficiente? Falar com rapidez suficiente para
que o ouvinte pense: “Preciso prestar mais atenção ou vou perder o que está
sendo dito”. Obviamente, a velocidade não pode chegar ao ponto de a mensagem
ser ininteligível.
Publicado na Revista HSM
Management nº 98 – Maio-Junho 2013
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