Por
Plínio José Figueiredo Ferreira
A maioria dos brasileiros, ainda sob o impacto do placar
de 7 x 1, está a analisar o desempenho da seleção(?) brasileira de futebol
atribuindo à comissão técnica, aos jogadores e à CBF os desacertos que
culminaram com a frustração do desejo de todos. Também atribui o problema a
erros na gestão da equipe que começaram na convocação e terminaram na escalação
para o penúltimo jogo.
Nada é consequência de acontecimentos fortuitos. Quando
falamos em acaso, fatalidade, na verdade desconhecemos ou não podemos
compreender ou ainda queremos ignorar a acusa daquele acontecimento. Sempre há
uma causa e um por que para todos os acontecimentos. Nada acontece sem uma
causa, ou uma série de causas. Procura-se resolver as consequências; as causas
permanecem fazendo parte de uma cadeia ordenada de eventos que trará mais
problemas, e que continuam a ser resolvidos isoladamente. A grande questão é
como a realidade é percebida. As bases de raciocínio eram estatísticas
anacrônicas e outros fatores estupidamente subjetivos e paternalistas, bem ao
gosto e á conveniência de alguns.
Segundo Fritjof Capra, o mundo está diante de uma grande
crise de percepção. “Ela deriva do fato de que a maioria de nós, e em especial
as grandes instituições sociais, concordam com uma visão de mundo obsoleta, uma
percepção da realidade inadequada para lidarmos com nosso mundo superpovoado e
globalmente interligado. Há soluções para os principais problemas de nosso
tempo, algumas delas até mesmo simples. Mas requerem uma mudança radical em
nossas percepções. Isto também se chama mudança de paradigmas. Estas mudanças
só ocorrem sob a forma de rupturas descontínuas, através da evolução ou de uma
revolução (strictu senso). A mudança de paradigmas requer uma expansão não
apenas de nossas percepções e maneiras de pensar, mas também de nossos
valores”.
Constatou-se a falta de visão sistêmica quando, a cada
jogo, o trabalho era individual, individualista, de culto à personalidade. Não
havia time, conjunto. Todos movidos pelo desejo de ser hexa campeão, diferente
de ter como objetivo um bom desempenho que levasse à conquista do campeonato.
As estatísticas anacrônicas e o “peso da camisa” já davam como certa a vitória.
Esqueceu-se de combinar com os adversários.
Faltou a todos os envolvidos na busca do hexa, pensamento
e visão sistêmicos. Ter pensamento e visão sistêmica é pensar de forma
integrada; é pensar na relação de causa e efeito; é pensar de forma contextual;
é pensar em mudança. Mas para isso é preciso ter vontade de mudar, mudar os
modelos mentais e admitir que tudo o que é feito sem planejamento e estratégia
tende a fracassar. É uma questão de tempo.
Plínio José Figueiredo Ferreira é Administrador pela
UFBA e Pós-Graduado pela FGV-EAESP. Sócio-Diretor da Habilitas Consultoria em
Gestão Empresarial. Professor/Consultor no NEA-Núcleo de Extensão da Escola de
Administração da UFBA. Consultor em projetos de planejamento estratégico.
Palestrante. Autor de artigos sobre Gestão Estratégica.
Realmente paradigmas que precisam ser mudados à luz das prioridades sociais de que o brasileiro mais precisa. Educação (latu sensu) e sentimento coletivo universal, na minha opinião.
ResponderExcluir