Por
Gabriel Mario Rodrigues
A tela está se tornando a atividade planetária número um, frente às
ciências, aos negócios, ao trabalho, ao estudo, às religiões e ao lazer. As
pessoas vivem e morrem com telas à sua frente. (A. S. de Souza Galvão)
Assistimos
hoje à discussão sobre o que é mais importante: ensino a distância ou ensino
presencial? Para nós o que existe de fato é o ensino e a forma como é
transmitido, seja presencial ou a distância. Mas há uma constatação importante
na atualidade: tudo leva a crer que as duas modalidades de ensino serão
ultrapassadas pelas ágeis, atraentes e modernas tecnologias de comunicação e
pelas incríveis inovações metodológicas que possibilitam.
Nós
nos aproximamos cada vez mais do rompimento completo com o sistema
universitário tal como o conhecemos hoje. De acordo com Angel Pérez Gómez,
professor da Universidade de Málaga, na Espanha, as escolas mudarão ou vão
desaparecer em pouco tempo. Muito mais do que equipá-las com aparatos tecnológicos,
ele sugere a reformulação total dos currículos e das metodologias de ensino, ao
afirmar: “O mais importante é a pedagogia. Novas tecnologias com velhas
pedagogias não funcionam. No meu país, as aulas de geografia ainda cobram os
nomes dos rios que passam pelas capitais europeias. Se há necessidade de saber
isso, vamos a uma enciclopédia digital. O desafio da escola atual é formar
mentes que saibam pensar, orientar-se, tomar decisões e atuar”.
O
grande problema, a nosso ver, é que as informações transmitidas nos cursos não
colaboram para formar profissionais capazes de enfrentar os desafios de
desenvolvimento do país. “Isto é um desperdício para a sociedade”, observa
Tristan Mac Cowen, professor de Educação e Desenvolvimento da Universidade de
Londres, estudioso, há mais de uma década, da evolução do sistema educacional
brasileiro – “alguns cursos não aumentam a capacidade de inovação da economia,
não impulsionam sua produtividade a acabam ajudando a perpetuar uma situação de
desigualdade”. Aos poucos, segundo o especialista, estaria sendo consolidada
uma espécie de sistema “dual”, por meio do qual cursos e universidades mais
disputados – públicos e privados – continuariam a receber principalmente
estudantes da elite, enquanto boa parte da população de baixa renda acabaria em
faculdades de menor prestígio nas quais a experiência de aprendizagem seria bem
diferente.
A
propósito, nada melhor do que lembrar a pesquisa “O que leva um aluno a ter
baixa aprendizagem?” realizada por Raulino Tramontin em faculdades de Brasília.
Os resultados mostram a falta de formação básica do aluno e a desmotivação com
o curso; o despreparo do professor; as metodologias inadequadas e o cansaço dos
alunos que trabalham para enfrentar os horários noturnos. Além disso, ao lado de
uma estrutura social destituída de valores, princípios e costumes, os alunos
convivem com problemas familiares, financeiros, psicológicos o que lhes impede
de sonhar e de desenvolver, com determinação, um projeto de vida.
A
realidade confirma que a tecnologia informacional transformará o ensino em
todas as suas fases e que o conteúdo adequado à pessoa certa, para consecução
de um aprendizado condizente prevalecerá sempre. E o mais importante: para
aliar os pré-requisitos de conteúdo certo, formato apropriado, meio adequado,
objetivo pré-determinado e pessoa correta, os princípios da comunicação e do
marketing precisarão ser observados, pois se tornarão vitais para o processo de
ensino-aprendizagem.
Hoje,
em plena era pós-gutemberguiana, praticamente toda a humanidade passa mais
tempo de sua vida diante de uma tela do que ocupada em qualquer outra atividade
de lazer, estudo ou trabalho. Não importa se a tela é de TV, vídeo, computador,
tablet ou celular. Pela primeira vez, a informação pode ser distribuída ao
consumidor, atingindo até mesmo os analfabetos, índios e outros grupos à margem
da sociedade.
Assim,
a mítica Era da Informação pode ser uma realidade em pouco tempo: homens
informados vivendo integralmente seu potencial. E este é o papel da Nova Educação
do século 21, livre de seus estreitos limites de confinamento, graças a chips
processadores de informação cada vez mais poderosos.
Assim
a conclusão nasce óbvia, clara e simples:
Ø Aceitar o fato de que o mundo mudou e
jamais será o mesmo;
Ø Aproveitar as modernas ferramentas do
marketing e da comunicação na construção da nova Escola do Século 21;
Ø Admitir que a Educação não pode
continuar repetindo seus modelos medievais e elitistas que a tornaram um dos
maiores responsáveis pelo “quadro negro” atual;
Ø Aceitar o fato irreversível de que a
Educação deve mudar radicalmente e se tornar a locomotiva que rebocará os
demais sistemas da Era da Informação.
Gabriel
Mario Rodrigues é
Presidente da ABMES e Secretário Executivo do Fórum das Entidades
Representativas do Ensino Superior Particular.
Publicado na ABMESeduca.com em
22/10/2013.
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