segunda-feira, 28 de outubro de 2013

POR UMA NOVA EDUCAÇÃO PARA O SÉCULO XXI

Por Gabriel Mario Rodrigues

A tela está se tornando a atividade planetária número um, frente às ciências, aos negócios, ao trabalho, ao estudo, às religiões e ao lazer. As pessoas vivem e morrem com telas à sua frente. (A. S. de Souza Galvão)

Assistimos hoje à discussão sobre o que é mais importante: ensino a distância ou ensino presencial? Para nós o que existe de fato é o ensino e a forma como é transmitido, seja presencial ou a distância. Mas há uma constatação importante na atualidade: tudo leva a crer que as duas modalidades de ensino serão ultrapassadas pelas ágeis, atraentes e modernas tecnologias de comunicação e pelas incríveis inovações metodológicas que possibilitam.

Nós nos aproximamos cada vez mais do rompimento completo com o sistema universitário tal como o conhecemos hoje. De acordo com Angel Pérez Gómez, professor da Universidade de Málaga, na Espanha, as escolas mudarão ou vão desaparecer em pouco tempo. Muito mais do que equipá-las com aparatos tecnológicos, ele sugere a reformulação total dos currículos e das metodologias de ensino, ao afirmar: “O mais importante é a pedagogia. Novas tecnologias com velhas pedagogias não funcionam. No meu país, as aulas de geografia ainda cobram os nomes dos rios que passam pelas capitais europeias. Se há necessidade de saber isso, vamos a uma enciclopédia digital. O desafio da escola atual é formar mentes que saibam pensar, orientar-se, tomar decisões e atuar”.

O grande problema, a nosso ver, é que as informações transmitidas nos cursos não colaboram para formar profissionais capazes de enfrentar os desafios de desenvolvimento do país. “Isto é um desperdício para a sociedade”, observa Tristan Mac Cowen, professor de Educação e Desenvolvimento da Universidade de Londres, estudioso, há mais de uma década, da evolução do sistema educacional brasileiro – “alguns cursos não aumentam a capacidade de inovação da economia, não impulsionam sua produtividade a acabam ajudando a perpetuar uma situação de desigualdade”. Aos poucos, segundo o especialista, estaria sendo consolidada uma espécie de sistema “dual”, por meio do qual cursos e universidades mais disputados – públicos e privados – continuariam a receber principalmente estudantes da elite, enquanto boa parte da população de baixa renda acabaria em faculdades de menor prestígio nas quais a experiência de aprendizagem seria bem diferente.

A propósito, nada melhor do que lembrar a pesquisa “O que leva um aluno a ter baixa aprendizagem?” realizada por Raulino Tramontin em faculdades de Brasília. Os resultados mostram a falta de formação básica do aluno e a desmotivação com o curso; o despreparo do professor; as metodologias inadequadas e o cansaço dos alunos que trabalham para enfrentar os horários noturnos. Além disso, ao lado de uma estrutura social destituída de valores, princípios e costumes, os alunos convivem com problemas familiares, financeiros, psicológicos o que lhes impede de sonhar e de desenvolver, com determinação, um projeto de vida.

A realidade confirma que a tecnologia informacional transformará o ensino em todas as suas fases e que o conteúdo adequado à pessoa certa, para consecução de um aprendizado condizente prevalecerá sempre. E o mais importante: para aliar os pré-requisitos de conteúdo certo, formato apropriado, meio adequado, objetivo pré-determinado e pessoa correta, os princípios da comunicação e do marketing precisarão ser observados, pois se tornarão vitais para o processo de ensino-aprendizagem.

Hoje, em plena era pós-gutemberguiana, praticamente toda a humanidade passa mais tempo de sua vida diante de uma tela do que ocupada em qualquer outra atividade de lazer, estudo ou trabalho. Não importa se a tela é de TV, vídeo, computador, tablet ou celular. Pela primeira vez, a informação pode ser distribuída ao consumidor, atingindo até mesmo os analfabetos, índios e outros grupos à margem da sociedade.

Assim, a mítica Era da Informação pode ser uma realidade em pouco tempo: homens informados vivendo integralmente seu potencial. E este é o papel da Nova Educação do século 21, livre de seus estreitos limites de confinamento, graças a chips processadores de informação cada vez mais poderosos.

Assim a conclusão nasce óbvia, clara e simples:

Ø  Aceitar o fato de que o mundo mudou e jamais será o mesmo;
Ø  Aproveitar as modernas ferramentas do marketing e da comunicação na construção da nova Escola do Século 21;
Ø  Admitir que a Educação não pode continuar repetindo seus modelos medievais e elitistas que a tornaram um dos maiores responsáveis pelo “quadro negro” atual;
Ø  Aceitar o fato irreversível de que a Educação deve mudar radicalmente e se tornar a locomotiva que rebocará os demais sistemas da Era da Informação.

Gabriel Mario Rodrigues é Presidente da ABMES e Secretário Executivo do Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular.


Publicado na ABMESeduca.com em 22/10/2013.

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