sexta-feira, 11 de julho de 2014

GESTÃO ESTRATÉGICA DA “SELEÇÃO” BRASILEIRA



Por Plínio José Figueiredo Ferreira

A maioria dos brasileiros, ainda sob o impacto do placar de 7 x 1, está a analisar o desempenho da seleção(?) brasileira de futebol atribuindo à comissão técnica, aos jogadores e à CBF os desacertos que culminaram com a frustração do desejo de todos. Também atribui o problema a erros na gestão da equipe que começaram na convocação e terminaram na escalação para o penúltimo jogo.

Nada é consequência de acontecimentos fortuitos. Quando falamos em acaso, fatalidade, na verdade desconhecemos ou não podemos compreender ou ainda queremos ignorar a acusa daquele acontecimento. Sempre há uma causa e um por que para todos os acontecimentos. Nada acontece sem uma causa, ou uma série de causas. Procura-se resolver as consequências; as causas permanecem fazendo parte de uma cadeia ordenada de eventos que trará mais problemas, e que continuam a ser resolvidos isoladamente. A grande questão é como a realidade é percebida. As bases de raciocínio eram estatísticas anacrônicas e outros fatores estupidamente subjetivos e paternalistas, bem ao gosto e á conveniência de alguns.

Segundo Fritjof Capra, o mundo está diante de uma grande crise de percepção. “Ela deriva do fato de que a maioria de nós, e em especial as grandes instituições sociais, concordam com uma visão de mundo obsoleta, uma percepção da realidade inadequada para lidarmos com nosso mundo superpovoado e globalmente interligado. Há soluções para os principais problemas de nosso tempo, algumas delas até mesmo simples. Mas requerem uma mudança radical em nossas percepções. Isto também se chama mudança de paradigmas. Estas mudanças só ocorrem sob a forma de rupturas descontínuas, através da evolução ou de uma revolução (strictu senso). A mudança de paradigmas requer uma expansão não apenas de nossas percepções e maneiras de pensar, mas também de nossos valores”.

Constatou-se a falta de visão sistêmica quando, a cada jogo, o trabalho era individual, individualista, de culto à personalidade. Não havia time, conjunto. Todos movidos pelo desejo de ser hexa campeão, diferente de ter como objetivo um bom desempenho que levasse à conquista do campeonato. As estatísticas anacrônicas e o “peso da camisa” já davam como certa a vitória. Esqueceu-se de combinar com os adversários.

Faltou a todos os envolvidos na busca do hexa, pensamento e visão sistêmicos. Ter pensamento e visão sistêmica é pensar de forma integrada; é pensar na relação de causa e efeito; é pensar de forma contextual; é pensar em mudança. Mas para isso é preciso ter vontade de mudar, mudar os modelos mentais e admitir que tudo o que é feito sem planejamento e estratégia tende a fracassar. É uma questão de tempo.

Plínio José Figueiredo Ferreira é Administrador pela UFBA e Pós-Graduado pela FGV-EAESP. Sócio-Diretor da Habilitas Consultoria em Gestão Empresarial. Professor/Consultor no NEA-Núcleo de Extensão da Escola de Administração da UFBA. Consultor em projetos de planejamento estratégico. Palestrante. Autor de artigos sobre Gestão Estratégica. 

Um comentário:

  1. Realmente paradigmas que precisam ser mudados à luz das prioridades sociais de que o brasileiro mais precisa. Educação (latu sensu) e sentimento coletivo universal, na minha opinião.

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