sexta-feira, 12 de setembro de 2014

LIDERAR SIGNIFICA SUPERAR-SE SEMPRE



Por Betania Tanure

Como focar a face de liderança do executivo sem perder de vista sua face de gestão? Um certo CEO “Francisco” ajuda a ilustrar isso, apontando a armadilha mais comum nesses casos e como evita-la.
     Pense no executivo nota 10. Falo daquele que integra as competências racionais típicas do gestor, apresentadas por 68% dos executivos brasileiros, às competências emocionais e subjetivas relacionadas com pessoas e cultura, próprias do verdadeiro líder. Francisco reúne os dois os dois grupos de competências, fazendo parte do seleto grupo de 8% de gestores que eu costumo chamar de “dirigentes”. É um líder realmente diferenciado.
     Francisco está na empresa há muitos anos onde entrou como gerente e fez carreira até ser um bem sucedido CEO. Todos reconhecem sua extraordinária competência, apreciam-no e aprendem muito com ele. Quando a empresa viveu um processo de mudança, com situações difíceis que geravam dor, Francisco soube inspirar confiança em todos e praticar a liderança “agridoce”. E, assim, reconduziu o negócio ao desempenho desejado.
     O sucesso da jornada de Francisco é reconhecido, trazendo visibilidade à empresa e a seu presidente, apresentados na mídia como exemplos. Francisco vem recebendo um belo bônus anual.
     Até que, certo dia, surge uma encruzilhada em seu caminha. Foi Francisco que a colocou lá, gradativa e sorrateiramente. As opções são reaprender e reinventar-se ou permanecer na confortável condição de “craque”, devido ao sucesso recorrente.
     Como não identifica a armadilha como tal, Francisco escolhe o segundo caminho e se torna prisioneiro do próprio sucesso. Aos poucos, seus subordinados percebem que já não aprendem tanto com ele. Ficam inquietos, não se sentem à vontade para falar no assunto com o chefe. A empresa se ressente da situação; seu desempenho é ameaçado.
     O que será que aconteceu com Francisco?

A PERDA

     O acontecido pode ser resumido em poucas palavras: Francisco foi perdendo aos poucos a capacidade de se autossuperar. Assim, perdeu a capacidade de liderar.
     Pense nos líderes das empresas que você conhece. Nunca, talvez, o ambiente corporativo foi tão competitivo e, por que não dizer, desorganizado. É contínuo o fluxo de conhecimento dentro e fora da empresa, intensificando a necessidade de desenvolvimento constante; parar de aprender e de autossuperar-se é proibido.
     A capacidade de aprendizado e de autossuperação só constitui um processo sistemático quando é também uma qualidade intrínseca do executivo. Ele deve ser lúcido e corajoso, questionar-se sempre, sem medo, e ter a gana de saber mais, fazer sempre mais e melhor. Deve reconhecer que a própria excelência é um alvo móvel e que ele nunca a atingirá.
     Você não tem de competir com os outros para ser melhor; deve competir consigo mesmo, enxergando seus pontos fracos, conhecendo seus limites, expandindo-os e superando-se.
     Francisco, assim como tantas outras pessoas bem sucedidas, não soube competir consigo. Ele caiu na armadilha.

“A capacidade da empresa de aprender e superar depende de o líder fazer isso”.

Betania Tanure é professora da PUC Minas Gerais e do Insead da França, consultora da Betania Tanure Associados e coautora de Estratégia e gestão Empresarial, com Sumantra Ghoshal, entre outros.

Publicado na revista HSM Management, Edição 106, ago/set 2014 – Coluna da Betania Tanure.

Um comentário:

  1. A Prof. betânia Tancredo está certa. Concordo plenamente.
    Apenas acrescentaria que o sênior está sempre se superando pala experiência acumulada e sapiência potencializada. É o que o qualifica, como consultor estratégico.

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