Por
Betania Tanure
Como
focar a face de liderança do executivo sem perder de vista sua face de gestão?
Um certo CEO “Francisco” ajuda a ilustrar isso, apontando a armadilha mais
comum nesses casos e como evita-la.
Pense no
executivo nota 10. Falo daquele que integra as competências racionais típicas
do gestor, apresentadas por 68% dos executivos brasileiros, às competências
emocionais e subjetivas relacionadas com pessoas e cultura, próprias do
verdadeiro líder. Francisco reúne os dois os dois grupos de competências,
fazendo parte do seleto grupo de 8% de gestores que eu costumo chamar de
“dirigentes”. É um líder realmente diferenciado.
Francisco está
na empresa há muitos anos onde entrou como gerente e fez carreira até ser um
bem sucedido CEO. Todos reconhecem sua extraordinária competência, apreciam-no
e aprendem muito com ele. Quando a empresa viveu um processo de mudança, com
situações difíceis que geravam dor, Francisco soube inspirar confiança em todos
e praticar a liderança “agridoce”. E, assim, reconduziu o negócio ao desempenho
desejado.
O sucesso da
jornada de Francisco é reconhecido, trazendo visibilidade à empresa e a seu
presidente, apresentados na mídia como exemplos. Francisco vem recebendo um belo
bônus anual.
Até que, certo
dia, surge uma encruzilhada em seu caminha. Foi Francisco que a colocou lá,
gradativa e sorrateiramente. As opções são reaprender e reinventar-se ou
permanecer na confortável condição de “craque”, devido ao sucesso recorrente.
Como não
identifica a armadilha como tal, Francisco escolhe o segundo caminho e se torna
prisioneiro do próprio sucesso. Aos poucos, seus subordinados percebem que já
não aprendem tanto com ele. Ficam inquietos, não se sentem à vontade para falar
no assunto com o chefe. A empresa se ressente da situação; seu desempenho é
ameaçado.
O que será que
aconteceu com Francisco?
A PERDA
O acontecido
pode ser resumido em poucas palavras: Francisco foi perdendo aos poucos a
capacidade de se autossuperar. Assim, perdeu a capacidade de liderar.
Pense nos
líderes das empresas que você conhece. Nunca, talvez, o ambiente corporativo
foi tão competitivo e, por que não dizer, desorganizado. É contínuo o fluxo de
conhecimento dentro e fora da empresa, intensificando a necessidade de
desenvolvimento constante; parar de aprender e de autossuperar-se é proibido.
A capacidade
de aprendizado e de autossuperação só constitui um processo sistemático quando
é também uma qualidade intrínseca do executivo. Ele deve ser lúcido e corajoso,
questionar-se sempre, sem medo, e ter a gana de saber mais, fazer sempre mais e
melhor. Deve reconhecer que a própria excelência é um alvo móvel e que ele
nunca a atingirá.
Você não tem
de competir com os outros para ser melhor; deve competir consigo mesmo,
enxergando seus pontos fracos, conhecendo seus limites, expandindo-os e
superando-se.
Francisco,
assim como tantas outras pessoas bem sucedidas, não soube competir consigo. Ele
caiu na armadilha.
“A capacidade da empresa
de aprender e superar depende de o líder fazer isso”.
Betania Tanure é professora da PUC Minas Gerais e do
Insead da França, consultora da Betania Tanure Associados e coautora de
Estratégia e gestão Empresarial, com Sumantra Ghoshal, entre outros.
Publicado
na revista HSM Management, Edição 106, ago/set 2014 – Coluna da Betania Tanure.
A Prof. betânia Tancredo está certa. Concordo plenamente.
ResponderExcluirApenas acrescentaria que o sênior está sempre se superando pala experiência acumulada e sapiência potencializada. É o que o qualifica, como consultor estratégico.