segunda-feira, 25 de abril de 2011

COLÔNIAS DA GLOBALIZAÇÃO

Por Ivan Postigo

O homem ao se dar conta que a caneta tem mais força que a espada e o mouse mais do que as bombas, não precisa invadir territórios para dominá-los. A brutalidade é gerada pela falta de habilidade nos processos mercantilistas e de negociação.
As metrópoles carentes de recursos naturais procuram obtê-los com trocas, evidentemente que vantajosas, o mesmo procuram as colônias, dentro do possível!
É a sabedoria que diferencia os homens dos ursos. O urso, ao descobrir uma colmeia, onde a colônia de abelhas trabalha para fabricar o mel, a destrói para saboreá-lo. Só se retira devido ao feroz ataque da legião defensora.
O homem, com sabedoria, procura domesticá-las e oferecer locais propícios à coleta de néctar e polinização, como áreas de eucaliptos, laranjais, macieiras, pessegueiros, entre tantas outras.
Por umas poucas ferramentas e apetrechos, os espelhinhos tão comentados, nossos povos indígenas derrubavam e enchiam navios com pau-brasil, vendido pelos portugueses na Europa para tingimento de tecidos. Este corante foi para os portugueses o que a prata americana foi para os espanhóis.
 Muitos países por não desenvolverem e também não se aplicarem na exploração intensiva de recursos tecnológicos, para fabricação de artigos de exportação, os obtém em troca de seus recursos naturais.
 A tecnologia importada, muitas vezes obsoleta, serve para a produção de bens de subsistência, enquanto a riqueza natural é exaurida sem trazer ao povo a riqueza que proporcionaria o sonhado bem estar.
 As barreiras para o desenvolvimento estão mais ligadas aos nossos modelos mentais que estabelecem os modelos de gestão, do que qualquer resistência à disponibilização do recurso pelo criador. 
Reservas de mercado costumam gerar atrasos difíceis de serem superados no futuro. Ter a máquina não é suficiente, é necessário saber operá-la e ter consciência do momento de trocá-la.
Em determinada época nos deparamos com um empresário muito resistente à informática. Quando, depois de muita insistência, aceitava trocar alguns computadores na empresa, por evidente defasagem tecnológica, exigia que o novo seguisse um dos dois caminhos: ele teria prioridade em recebê-lo e em segundo lugar seu filho, ainda adolescente, que passava o dia na rede e com os jogos. Os seus eram enviados aos funcionários.
O garoto tinha bom conhecimento das vantagens , lia, sabia sim o que estava recebendo, mas o pai não tinha a menor noção. Desconfiava apenas que era mais rápido. Esse argumento foi inúmeras vezes usado para convencê-lo a atualizar o parque de máquinas: - Chefe, está na hora de trocar sua máquina, o mercado já tem um modelo mais rápido!
Um espelho novo dá ao cacique conforto e impede Narciso de cair nas águas.
E nós, orgulhosos, deixamos de nos mirar no pequeno objeto e projetamos nossa imagem nas redes sociais. Ah, Narciso, vivo fosse...
O estágio colonial só pode ser superado pela educação que traz conhecimento e disposição para o desenvolvimento. A conquista de mercado, além-fronteiras, obriga os povos a lidar com novos costumes, línguas e dialetos. Deixam, portanto, de concorrer com gente como eles, para concorrer com gente diferente.
Os povos, enquanto não tiverem essa consciência, formarão as colônias da globalização.

Ivan Postigo é Diretor de Gestão Empresarial da Postigo Consultoria Comunicação e Gestão

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