terça-feira, 19 de outubro de 2010

FUNDAMENTOS DA GESTÃO ESTRATÉGICA I

O ESTABELECIMENTO DE METAS 


Este artigo é o primeiro, da tetralogia, onde abordo os fundamentos da Gestão Estratégica - Estabelecimento de Metas, Definição de Estratégias, Elaboração do Planejamento e Monitoramento Sistemático (Acompanhamento e Controle) – como condições necessárias para manter, ou tornar, a empresa competitiva.

Começo lembrando a estória – Alice no País das Maravilhas, num trecho da sua conversa com o Gato Sorridente, quando ela se vê diante de algumas portas (não me lembro quantas) e o diálogo é, mais ou menos, este:

Alice: Gato, qual a porta que devo abrir?
Gato: Para onde você quer ir?
Alice: Não sei.
Gato: Então pode abrir qualquer uma!

O primeiro fundamento de uma boa gestão é estabelecer metas; é definir o que se quer. Sem isso é muito difícil, senão impossível, chegar a qualquer lugar, embora muitas empresas consigam ficar onde estão, por algum tempo.
Vejamos a importância do conteúdo deste conceito:

  1. Toda meta deve ter uma especificação, uma materialidade, uma imagem materializada, para que não fique somente no campo do desejo puro, do sonho ou da “vontade do dono”;
  2. Toda meta deve ser mensurável e, para tanto, deve ser expressa em números, quantificada para poder ser medida, tanto em unidades físicas quanto em unidades monetárias; quando expressa em unidades físicas serve para a programação da produção (indústria), na definição dos estoques de mercadorias (comércio), e na determinação das horas de trabalho a alocar (serviço); quando expressa em unidades monetárias serve na elaboração do planejamento financeiro, na determinação da necessidade de recursos financeiros;
  3. Toda meta deve ser alcançável, isto é, a expressão da meta deve ser feita de forma realística considerando a capacidade de absorção do mercado (demanda) e a capacidade de produção da empresa (oferta);
  4. Toda meta deve ser importante e relevante para a empresa; o parâmetro dever ser a filosofia do negócio e a missão da empresa, para tornar significativo o processo da conquista, o processo da ação constante;
  5. Toda meta deve ser definida dentro de um horizonte temporal, isto é, dentro de um tempo que é estimado visando os resultados que serão trazidos para dentro da empresa (benefícios financeiros e sociais, por exemplo) e os resultados que ela leva para o mercado (benefícios sociais e ambientais, por exemplo).

Certa vez ouvi de um empresário, quando o questionei sobre sua previsão/projeção de vendas, que não havia na empresa, que não podia “adivinhar” o que iria acontecer no mercado, que ele não era futurólogo.
Ele não sabia ou podia quantificar as metas, simplesmente, porque não sabia defini-las ou as tinha na cabeça (ele era o dono).
Muitas empresas não costumam definir metas e, por isso, passam por dificuldades atribuídas, sempre, a fatores externos, mas que estão no íntimo da organização e dos seus dirigentes. Num mercado em constante mudança elas sobrevivem algum tempo, muito menos porque seu negócio é ruim e muito mais pela inexistência de metas, pela falta de definição do o que, do que elas querem, para onde querem ir.
Então os supostos empresário-executivos abrem qualquer porta e, em 99% dos casos, a porta errada.
O que falta, via de regra, é a visão sistêmica e o pensamento estratégico; um é função do outro e, vice-versa; sem isto fica difícil aceitar que, para criar uma empresa e/ou mantê-la funcionando, é fundamental ter metas bem definidas.

O brasileiro adora futebol, é o melhor técnico de futebol do mundo e sabe que a meta de todo time é fazer gol (aqui se permite uma redundância porque gol é a forma aportuguesada de “goal”; “goal” é objetivo; então o “goal” dos jogadores é fazer gol; o objetivo é alcançar a meta), em 90 minutos de jogo.
Muitos empresários (amantes e “técnicos” de futebol) esquecem de definir os gols ou “goals” da sua empresa e o tempo que têm para fazê-los (irônico, não?)

Embora pareça, não é difícil estabelecer metas; difícil é aceitar a importância da necessidade de fazê-lo. Basta responder, inicialmente, a cinco perguntas:

I.              O que quero ou queria quando montei um negócio?
II.            Como está se comportando o mercado onde atuo?
III.           Para onde quero ir?
IV.          Até onde quero chegar?
V.           Quando deverei estar lá? Ou ficar aqui?

Sei que as perguntas são muito fáceis de serem formuladas e até ridículas para alguns. O muito complicado são as respostas e, por isso, muitos desistem ou não se interessam em respondê-las (nem mesmo de formular as perguntas). Lógico, se fossem fáceis só haveria, no mundo inteiro, empresas bem sucedidas.

O objetivo dos meus artigos sempre foi chamar o leitor à reflexão, e não, dar “receita de bolo”. O operacional é outra estória; para tal existem os serviços de consultoria. Àqueles que acham que nada disto vale à pena, sugiro a leitura do livro – Alice no País das Maravilhas.

Escrito por Plínio José Figueiredo Ferreira

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