segunda-feira, 4 de outubro de 2010

REFLEXÃO SOBRE EXPERIÊNCIA E COMPETÊNCIA

Fala-se muito na necessidade de ter experiência. As organizações exigem do postulante a determinada vaga, em qualquer nível, experiência comprovada.
As perguntas são sempre as mesmas: Você tem experiência na área? Qual a sua experiência? Por quanto tempo você ocupou este cargo? Você já trabalhou em organizações deste setor de atividade? E por aí vai.
O curriculum vitae é avaliado com base na sua experiência, isto é, no que você já fez, e por quanto tempo (é a experiência mínima exigida).

Mas, qual o significado de experiência? O que é ter experiência?

Da forma como é interpretada, experiência parece ser você ter feito as mesmas coisas durante um tempo padrão, ou número de vezes também padronizado, que o torna qualificado a exercer função igual. Ou seja, você irá continuar a fazer a mesma coisa por mais algum tempo, acumulando experiência e se tornando cada vez mais apto a continuar fazendo a mesma coisa. Quando mudar de emprego, a diferença é que fará a mesma coisa em lugar diferente e com pessoas diferentes, ou seja, nada diferente.
No chamado mundo corporativo costuma-se confundir, com raras exceções, experiência com competência. Se você faz aquilo durante muito tempo você é competente para continuar a fazê-lo por mais outro tanto de tempo.

Em meu artigo - Aprendendo a ser Competente - defino competência como sendo o somatório de inteligência, formação e experiência adquirida com aprendizado e dedicação, utilizando muita sabedoria. Também, como a obrigação de descobrir limitações e superá-las por meio da educação continuada.

Ora, ao invés de perguntar qual a sua experiência, a pergunta mais compatível é: qual a sua competência em superar limitações, sua capacidade de utilizar sua vivência em situações diversas e adversas, e a sua sabedoria para resolver problemas? Como você age diante das mudanças?
Aí sim o “profissional adequado” acrescerá valor à sua experiência e melhorará seu poder de abstração na construção de cenários alternativos.

O conceito de experiência admite um mundo estático onde as coisas acontecem sempre da mesma forma. Nega a dinâmica de uma globalização.
Portanto, os critérios de recrutamento e seleção das organizações deverão mudar. Os anúncios de emprego deverão ser mais simples, com um único item de exigência, mais ou menos assim:

“Precisamos de alguém que tenha a competência de pensar, questionar, resolver problemas e superar limitações”.

Assim, a memorização de procedimentos, normas, rotinas e “receitas de bolo”, e mais alguma coisa escalafobética deixará de ser interpretado como competência.

Escrito por Plínio José Figueiredo Ferreira

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