terça-feira, 9 de novembro de 2010

EMPREENDEDORISMO E CIDADANIA

Estratégias para alavancar o crescimento sustentado


EMPREENDEDORISMO

Empreendedorismo está sendo considerado o ícone do século XXI. Dos muitos conceitos sobre o empreendedor, um deles o define como “agente necessário para mobilizar capital, agregar valor aos recursos naturais, produzir bens necessários, gerar emprego e administrar os meios para incrementar o comércio; e ainda que, sem empreendedores não pode haver desenvolvimento”.
Esse conceito restringe o entendimento sobre empreendedorismo e o empreendedor, quando o relaciona somente à criação de um negócio, de uma empresa, e, em última instância, de microempresas.

Estendendo ou ampliando aqueles conceitos, acredito no empreendedorismo como a arte de exercitar a realização através da capacidade de transformar desafios em oportunidades, e para que isso possa acontecer, é necessário que exista o chamado espírito empreendedor.
Espírito empreendedor é o propulsor da busca daquelas oportunidades cujo combustível é a ambição. Ambição vista como a existência de um alto grau de motivação para a realização.
Empreendedor, então, é aquela pessoa que tem a capacidade de perceber e detectar oportunidades, de tomar decisões, de ter iniciativa, de ser orientada para a ação e resultados, de estabelecer metas e se comprometer com elas, e altamente motivada para a realização. Aquela pessoa que tem características e traços de comportamento bastante peculiares.

Nos anos 60, David McClelland, psicólogo da Universidade de Harvard, identificou elementos psicológicos, considerados críticos, nos empresários de sucesso, como traços de personalidade bastante interessantes, que ele chamou de “motivação para a realização”, ou “impulso de melhorar”.
Nos anos 80, foi iniciado um projeto abrangente que procurava responder às perguntas relacionadas com o sucesso, competência profissional e estudos de padrões de comportamento de empreendedores-empresários-executivos, pessoas em geral. Para tanto, foi feito um contrato de parceria entre a USAID – Agência para o Desenvolvimento Internacional, a MSI – Management Systems International, empresa de consultoria especializada em treinamento para gestão e desenvolvimento da pequena empresa, e a McBer & Company, empresa de David McClelland.
O projeto abrangeu três etapas. A primeira delas foi a realização de uma pesquisa para identificar as características fundamentais do empreendedor de sucesso, em diversas culturas e circunstâncias econômicas, e a similaridade daquelas características em diversos países. E foi assim que foi permitido traçar um perfil das características do comportamento empreendedor.

Dez características foram definidas, relacionadas a seguir:

BUSCA DE OPORTUNIDADES E INICIATIVA
PERSISTÊNCIA
COMPROMETIMENTO
EXIGÊNCIA DE QUALIDADE E EFICIÊNCIA
CORRER RISCOS CALCULADOS
ESTABELECIMENTO DE METAS
BUSCA DE INFORMAÇÕES
PLANEJAMENTO E MONITORAMENTO SISTEMÁTICOS
PERSUASÃO E REDE DE CONTATOS
INDEPENDÊNCIA E AUTOCONFIANÇA

Das dez características sistematizadas, quatro foram chamadas de características mobilizadoras, ou seja, as outras são conseqüentes; sem elas as outras não fazem sentido existir. São elas:

ESTABELECIMENTO DE METAS
PLANEJAMENTO E MONITORAMENTO SISTEMÁTICOS
COMPROMETIMENTO
PERSISTÊNCIA

Fica fácil entender porque elas são mobilizadoras; é importante saber para onde queremos ir, e de que maneira queremos chegar lá. Para tanto precisamos ser persistentes e estar comprometidos com a concretização das nossas metas, e só saberemos se chegamos, e no lugar certo, se tivermos planejado e monitorado a “caminhada”.

A sabedoria popular diz, com muita propriedade:

“Quem não sabe aonde quer ir, qualquer caminho serve”.


CIDADANIA

O espírito empreendedor, anteriormente conceituado como propulsor da busca de oportunidades, permite associá-lo ao conceito de cidadania e de cidadão.
Quando o indivíduo exerce sua cidadania, trabalha para melhorar sua vida e a vida das pessoas, de todas as pessoas, das que estão vivas hoje e das que viverão amanhã, através do desenvolvimento humano e social no presente. As ações de hoje, o comportamento empreendedor de hoje, trarão conseqüências benéficas no futuro, e um crescimento sustentado.

Existem muitas formas de exercer a cidadania. Relacionamos seis delas, somente, para servir de reflexão pelo menos:

  1. Ter espírito empreendedor;
  2. Acreditar que as oportunidades existem e estão aí para serem aproveitadas;
  3. Querer sair da “zona de conforto”;
  4. Enxergar as potencialidades da comunidade;
  5. Ter consciência dos seus direitos como cidadão;
  6. Querer, verdadeiramente, crescer para desenvolver, e desenvolver para crescer.

Para haver crescimento e desenvolvimento é necessário haver pessoas, na comunidade, em condições de tomar iniciativas, assumir responsabilidades e empreender.
Para haver crescimento e desenvolvimento é necessário haver pessoas que exerçam sua cidadania, e façam com que todos o façam, com responsabilidade e maturidade, rompendo a relação paternalista com o poder público, deixando de esperar que todos os problemas sejam resolvidos pelo governo.
Para haver crescimento e desenvolvimento é necessário que haja cooperação e competição.

A comunidade é causa e efeito da dinâmica cooperativa, e essa dinâmica provoca ou deve provocar um processo de desenvolvimento e crescimento.
O processo de desenvolvimento e crescimento provoca uma dinâmica competitiva que insere a comunidade num mercado que ativa o processo de desenvolvimento e crescimento, quando cria a cooperação e a competição.

Para crescer e desenvolver ou desenvolver e crescer, a comunidade deve identificar suas vocações ou sua vocação mais importante, bem como identificar seus pontos fortes e identificar seus pontos fracos para gerenciar seu “capital natural”.
Para crescer e desenvolver ou desenvolver e crescer é de fundamental importância que as pessoas possam estar capacitadas para trabalhar e agir no sentido de melhorar a vida de todas as pessoas que estão vivas hoje, e das que viverão amanhã.
Porque sem desenvolvimento humano e social nenhum processo de desenvolvimento econômico poderá ser promovido, e jamais será sustentável, integrado e sustentado.

E tudo isso só é conseguido com a prática constante do exercício da cidadania.


UM EXEMPLO DE ALAVANCA DE CRESCIMENTO

A MARCA-COMUNIDADE

A marca-comunidade traduz a imagem e a identidade da comunidade; significa ter imagem e identidade próprias que possam atrair oportunidades para trazer os almejados crescimento e desenvolvimento.

Para que a marca-comunidade seja reconhecida, valorizada e se fortaleça, existem condições mínimas necessárias para que isso possa acontecer, tais como:

·        Saneamento básico;
·        Fontes de energia seguras;
·        Serviços públicos eficazes;
·        Impostos moderados;
·        Mão de obra qualificada
·        Profissionais adaptáveis e agregadores de valor (empreendedores);
·        Regulamentação compatível com a flexibilidade dos negócios;
·        Ambiente de negócios onde se desenvolva a parceria;
·        Acesso à tecnologia;
·        Locais de cultura, lazer e centros de compras;
·        Escolas de boa qualidade.

A imagem da marca-comunidade tem de ser administrada, gerenciada, monitorada. Aqui o trabalho consiste em, uma vez que já foram identificadas as principais vocações da comunidade, por exemplo, atrair turistas, atrair pequenas indústrias, atrair empresas comerciais, e procurar novas oportunidades de mercado.
E o importante é saber o que se quer, para definir por onde começar.

Relacionamos oito itens que servem de orientação para elaborar o planejamento. Existem outros tantos que devem ser considerados de acordo com as características próprias de cada comunidade.

  1. Analisar e definir seus principais pontos fortes e pontos fracos;
  2. Analisar suas principais ameaças e oportunidades;
  3. Selecionar setores de atividade, personalidades, marcos históricos, patrocinadores que possam formar a base de uma sólida estratégia;
  4. Desenvolver um conceito “guarda-chuva”, abrangente, que cubra e seja coerente com todas as atividades relativas ao estabelecimento de sua marca;
  5. Associar a marca, por exemplo, a lazer, qualidade, clima, progresso, segurança, habilidades específicas, etc;
  6. Angariar e destinar fundos suficientes para cada atividade relativa ao desenvolvimento da marca, para garantir o impacto necessário;
  7. Criar controles confiáveis e seguros para monitorar, além da utilização dos recursos financeiros, o desempenho como um todo;
  8. Criar um COMITÊ DE CIDADANIA, como órgão estratégico, tomando o cuidado de não deixar que ele se transforme em órgão político.

Acredito que uma comunidade possa definir outras estratégias para alavancar um crescimento sustentado. Acredito mais ainda, que quaisquer outras possam trazer, também, grandes resultados.

Entretanto, estou mais do que convencido que as forças mobilizadoras são o pensamento cidadão, a consciência cidadã, o exercício da cidadania no seu mais alto grau de motivação para a realização. E ISSO É EMPREENDER.

Escrito por Plínio José Figueiredo Ferreira






Nenhum comentário:

Postar um comentário