quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A CANETA SEM TINTA NA GESTÃO EMPRESARIAL

Por Ivan Postigo
Os modelos de gestão empresarial são os mais diversos. Encontramos centralizados, descentralizados, participativos, não participativos, ditatoriais, democráticos, tolerantes, intolerantes, espelhando a cultura da empresa e perfil dos principais e ou do principal dirigente.
O modelo pode ser responsável por períodos de instabilidade na manutenção de talentos, enfrentado a empresa um alto turnover no quadro de funcionários.
Vamos encontrar em anúncios oferecendo vagas algumas indicações da cultura da empresa, como acostumados a trabalhar sob pressão, capacidade de liderar grupos, independência para tomar decisões, enfim a lista é bem variada, mas nenhum que diga preparado para lidar com frustrações. Um dos aspectos mais difíceis de se administrar é  gestão com  caneta sem tinta.
Quando um profissional talentoso e experiente é contratado a liberdade de ação é teórica, a limitação só será constatada quando medidas efetivas e de impacto precisarem ser tomadas.
O profissional pode levantar informações, reunir as equipes para debate, formular o plano de ação, estabelecer medidas e procedimentos, mas não pode implantá-los onde houver essa restrição.
Duas situações podem ser observadas:
1)      A ação de implantação dos procedimentos é barrada antes de sua divulgação;
2)      Por decreto as medidas implantadas são suspensas.
No primeiro caso há a frustração, mas ainda sobra espaço para negociação, uma vez que esta atinge um grupo pequeno de pessoas e não há uma observação geral da falta de autonomia do profissional que comanda o grupo nesse trabalho.
No segundo caso fica claro a falta de autonomia e que nenhuma autoridade foi delegada de fato.
Situações como essa levam a um desestímulo geral e perda de confiança, e não raro quando ideias são apresentadas as pessoas reagem negativamente com frases como “já recomendamos”, “tentamos fazer”, “funcionava assim”, “aqui isso não funciona”, ficando os problemas sem um tratamento adequado desde que não sejam observados pelo principal gestor. Essa experiência desenvolve e fortalece a cultura do “não me envolva “.
Já tivemos que contornar situações complexas, uma das mais difíceis foi quando as pessoas se recusavam, fora das reuniões, a falar de problemas, procedimentos e soluções.
Quando questionados por que, a resposta era uma só e objetiva: “Ninguém vai conseguir implantar nada e se o problema se agravar irão dizer que eu também sabia, portanto me deixem fora”. A brincadeira do “me incluam fora disso“, já tinha tomado proporções sérias.
O perfil do quadro de funcionários mostrava baixa retenção de talentos, alto turnover, gastos enormes de contratação e demissões e dificuldades dos gestores de aceitarem os fatos.
Vamos encontrar na nossa carreira profissional, pessoas que aceitam correr riscos mediante uma recompensa, caso contrário não mostra disposição, mas também um volume maior disposto a se envolver em questões complexas por senso de responsabilidade, coragem e dedicação ao que faz, pedindo unicamente liberdade para agir.
Nada é mais frustrante à essas pessoas dedicadas e comprometidas do que receber uma caneta sem tinta, as chances desse tipo relacionamento profissional durar são pequenas.
Você pode ter na sua empresa o modelo de gestão que quiser, mas não se lamente de estar sobrecarregado com decisões a tomar.
Uma alternativa interessante é contratar profissionais competentes, delegar e dar-lhes canetas novas com carga total.

Ivan Postigo é Diretor de Gestão Empresarial da Postigo Consultoria Comunicação e Gestão
Nossas maiores conquistas não estão relacionadas às empresas que ajudamos a superar barreiras e dificuldades, nem às pessoas que ensinamos diretamente, mas sim àquelas que aprendem conosco, sem saber disso, e que ensinamos, sem nos darmos conta.


Um comentário:

  1. Muito bom o texto! De fato não existe mais lugar, nas empresas que pretendem atingir um grau elevado de sucesso, para pessoas centralizadoras, não participativas, ditatoriais e intolerantes.
    Muitas empresas, com potencial de crescimento, na Bahia ainda não se atentaram para isso e ainda selecionam seus colaborados com a Ferramenta "QI"(quem indica). Claro que o "QI" tem que ser considerado mas não pode ser o único quesito a ser analisado.
    As organizações modernas precisam de pessoas entusiasmadas e comprometidas.

    http://alexandrecurriel.blogspot.com

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